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20 de Abril de 2024

ONU lança cartilha de ensino de português para refugiados no Brasil

Publicado por Lucas Bezerra Vieira
há 8 anos

ONU lana cartilha de ensino de portugus para refugiados no Brasil

Por Ana Carolina Moreno.

A Agência da ONU para Refugiados (Acnur) lançou uma cartilha de ensino de português especificamente para os refugiados no Brasil. Batizado de "Pode entrar: Português do Brasil para refugiadas e refugiados", o material didático foi lançado no fim de novembro e pode ser baixado gratuitamente pela internet.

Segundo Talita Amaro de Oliveira, a editora responsável pela cartilha, o processo de elaboração do material durou cerca de dez meses e foi feito em parceria com a Cáritas e o Cursinho Popular Mafalda, do qual ela é coordenadora, e tem como objetivo atender a uma demanda já antiga entre as entidades que acolhem refugiados no Brasil.

"Todo mundo que trabalha com português para refugiados estava precisando do material. O que a gente encontra é um mercado com material didático, mas é para um público específico. Ele é voltado para imigrantes comuns, para turistas, ensina exemplos do tipo 'como pedir um táxi da Paulista'. Então, não é algo que se encaixava na realidade da vivência dos refugiados e das refugiadas", afirmou ela aoG1.

Adaptação ao cotidiano

O conteúdo da língua portuguesa ensinado na cartilha foi dividido em 12 capítulos e 139 páginas que seguem temas importantes do cotidiano de pessoas que foram forçadas a sair de seus países, para não sofrer represálias por motivos políticos e religiosos ou por causa da violência.

"A gente fez uma avaliação com refugiados e refugiadas antes, para levantar quais eram as principais demandas deles, as principais dificuldades deles no Brasil, e fomos tentando criar uma ordem de prioridade nos conteúdos, eles vão se elevando de complexidade conforme o vocabulário vai aumentando, vão conseguindo ter um acesso melhor à língua", explicou Talita.

O primeiro capítulo, por exemplo, ensina os estrangeiros e estrangeiras os termos básicos de saudações e o vocabulário de pronomes pessoais, nacionalidades e verbos comuns para o interlocutor se apresentar e a informar seus dados pessoais em português. Para isso, a cartilha ensina os e as estudantes a preencher um formulário.

"A gente sabe que, no Brasil, em todas as instituições você preenche um formulário. Algo que aqui parece super simples para a gente se transforma em algo astronômico para eles, significaria não entrar em uma vaga de emprego, ou não conseguir determinado benefício."

Os demais capítulos abordam as questões socias brasileiras que serão de uso prático de quem chega para viver no país, como a educação, o Sistema Único de Saúde (SUS), os transportes, a tolerância religiosa, os direitos das crianças e como conseguir trabalho. Dentro dos capítulos, os conteúdos como pronomes interrogativos, números e conjunções, entre outros, são ensinados em meio ao contexto dos temas abordados.

A cartilha também tem dados sobre a evolução no número de pessoas refugiadas no Brasil e informações sobre a história e a demografia do país.

ONU lana cartilha de ensino de portugus para refugiados no Brasil

Procura cada vez maior

Talita explica que o número de pessoas buscando refúgio no Brasil tem aumentado. Em setembro, o governo brasileiro prorrogou por dois anos a emissão de vistos especiais a refugiados da guerra da Síria, com regras mais simples. Na época, o país tinha 2.097 sírios nessa condição.

Em novembro, o Brasil também autorizou a permanência definitiva de quase 44 mil haitianos que começaram a chegar ao país em maior número depois do terremoto de 2010, que deixou cerca de 300 mil mortos.

Só em fevereiro deste ano, o número de haitianos que entraram no Brasil chegou a 2 mil.

Inclusão de mulheres

Só no Cursinho Popular Mafalda, que atende a região da Zona Leste de São Paulo, há três turmas semestrais de português, de acordo com a coordenadora. Em cada uma, entre 30 e 35 alunos finalizam o semestre letivo. "A gente separa por falantes de determinado idioma. Temos sala para falantes de árabe, francês e inglês, e quem dá aula fala os idiomas. É uma facilidade para irem acompanhando todos os conteúdos."

As aulas acontecem aos sábados e, para garantir que as mulheres também pudessem participar, o cursinho abriu também uma turma para crianças. Os filhos de refugiados em idade escolar frequentam o colégio como as demais crianças brasileiras, mas, aos sábados, muitas mães deixavam de estudar para poder cuidar dos menores.

O cursinho oferece reforço escolar para os estudantes maiores e atividades recreativas paras as crianças mais novas.

"Às vezes essas mulheres vinham de realidade de exclusão no país natal, e aqui a gente acaba reproduzindo a exclusão, porque elas não tinham acesso ao curso de línguas", explicou Talita.


FONTE: G1

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Legal, excelente iniciativa. continuar lendo

Parabéns, Lucas Vieira, pela divulgação do trabalho sobre a "cartilha do português brasil". Certamente que os haitianos não terão dificuldades em aprender o nosso português, mas os imigrantes de outros idiomas poderão passar por esse processo de aprendizado um tanto complicado para quem pretende falar uma das línguas neolatinas. Pena que aqui no Brasil as pessoas não têm o hábito de falar, pelo menos, dois idiomas, com os norte americanos que, se não falam, pelo menos entendem os falantes do espanhol. continuar lendo

Parabéns, Lucas Vieira, pela divulgação do trabalho da equipe que criou a "cartilha português-brasil". Os haitianos certamente não terão dificuldades para aprender o nosso português de cada dia, mas os imigrantes oriundos de países falantes de outros idiomas poderão tê-lo. Pena que no Brasil ainda não se fala, pelo menos, dois idiomas, com ocorre nos EUA. Lá os norte americanos, se não falam, pelo menos entendem os que falam o espanhol e, portanto, a comunicação fica um pouco mais fácil para os estrangeiros. Aliás, o inglês e o espanhol são dois dos idiomas mais falados em todo o mundo atual. Não por número de falantes (o mandarim estaria adiante), mas pelo número de comunidades que falam o inglês e a língua neolatina que mais se expandiu mundo afora: o espanhol. continuar lendo

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Afinal somos, em esmagadora maioria, um país de estrangeiros. continuar lendo